No táxi indo para a abertura de uma exposição outro dia, eu, que não sou muito dado ao papo com estranhos, sou indagado pelo motorista sobre arte e estilo. Tudo começou com uma pergunta sobre meus óculos, os quais o taxista creu serem "
moda anos 60", frase essa seguida de uma risada bem da jocosa.
Ele riu tão gostoso de mim que não pude deixar de dar valor à expressão de sua opinião. Expliquei para ele que a minha armação, além de ser original e antiga, é ótima por ser grande e permitir enxergar olhando para todas as direções sem ter que virar a cabeça. (Quem usa armações com lentes pequenas sabe do que estou falando).
Pelo endereço e para a minha surpresa, ele sabia que o lugar ao qual eu me dirigia era uma galeria. Foi então que ele me perguntou se eu era "artista". Ao responder que não, mas que gostava bastante e que às vezes escrevia sobre isso (como neste espaço do qual vos falo), o taxista revelou ser ele próprio "artista", ou melhor, "escultor aprendiz". Ele contou então que vinha esculpindo um jacaré em madeira, mas que ele ia acabar transformando a figura num peixe, pois não estava conseguindo acertar a mão.
Como ele já tinha me ganhado pelo seu escárnio sincero, fui fofo e abri os canais cósmicos para que os astros sussurrassem a seguinte frase pela minha boca:
"Às vezes aquilo que fizemos errado acaba sendo muito melhor do que a ideia original."
Agradeci, paguei e desci do táxi, pronto para a arte:
*Letra dessa música da fofa banda de meninas finlandesas com deliciosas músicas eletrônicas.