8 de fevereiro de 2010

Do cult ao kitsch: o pop não me compromete

Quem convive com pessoas cult no seu dia-a-dia conhece a metidez, digo, ojeriza que elas têm frente a tudo que é do povo, digo, popular. Antes de defini-los por aquilo que eles fazem, esses indivíduos se caracterizam por aquilo que eles não fazem ou gostam. No nosso Brasilzão sem porteira, ser cúltico significa:

  • odiar todo e qualquer programa de TV (aberta então é um crime);
  • enojar-se com o axé, o sertanejo e o pop;
  • não suportar o carnaval idealisticamente;
  • etc, etc, etc.

Como frequentador bastante assíduo dos meios de produção e divulgação da cultura, encontro-me assaz frequentemente com pessoas dessa seita. Os mais desavisados diriam até que faço parte desse time, mas há algo importante que me exclui dessa seleta de legumes importados: eu AMO o pop!

Eu adoro ouvir (e dançar) Beyoncé, Lady Gaga, Rihanna, Britney, Madonna e toda essa turminha. Acho irrestível; é um ritmo que atinge qualquer homo sapiens - deve estar inclusive no DNA. E voltando para Pindorama, quem não se vê nas letras sofridas do sertanejo? Ou não pula pra levantar poeira? Faço tudo isso e muito mais.

E para quem gosta disso e não quer se sentir menos intelectual, criou-se a categoria kitsch. É barango, mas dá para aplicar um conceito: é kitsch!

Kitsche-se

Eis então que me deparo com a seguinte declaração de Brian Eno (se você é cult, tem que conhecer):

"Kitsch é a desculpa dos intelectuais para se permitirem sentir algo comum com a maior parte das pessoas de quem eles querem se distanciar."

Lindo, né? O pop não me compromete.

So put your hands up!

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