2 de dezembro de 2008

Um sábado à noite na vida de T. Panno

Por volta de 22h, sala de banho.

É chegada a hora de se preparar. Primeiro, um banho demorado, tanto higienizante como embelezador, regado aos mais diversos tipos de colônias, sabonetes e xampus pró-vitamínicos. Segue-se o ritual hidratante. De 3 a 5 cremes diferentes são aplicados sobre a cútis límpida, tonificando-a e garantindo um brilho colagenoso. Hidratação obtida, apresenta-se o momento crucial: a escolha da indumentária.

22h45, quarto de vestir.

O armário se abre: vê-se um desfile dos mais diferentes tipos de roupas de estilistas de todo o hemisfério ocidental. Brusinhas de várias padronages e tecidos, mangas curtas e cumpridas, golas e botões (alguns de ouro, ouros Versace).

Camisetas coloridas de várias estampas vibram em meio às lisas. Naquela noite a escolhida foi uma branca de gola canoa, alegrada por um desenho com brilhos e referências. As calças, um capítulo à parte - skinny, baggy, jet-legging, pantalones, corsário, calções... Ok, pega-se a mais justa. Sapato ou tênis tendência? A segunda opção. Colete com colar ou xale palestino com chapéu? Todas as opções acima. Tudo será mostrado à medida que o álcool for fazendo efeito.

23h45, lavabo.

As imperfeições do rosto são homogeneizadas com muito Lancôme, MAC e Dior. Cílios realçados, brilho nos olhos. Boca cintilando, mas discretamente.

Para o cabelo, um gel leve seguido de um pouco de laquê e pomoda estabilizante. Ali há de haver muito brilho e moda, mesmo de baixo do chapéu.

00h15, alcova.

O toque final é dado pela escolha do perfume. O arramate deste sábado é dado por uma fragância leve porém marcante, um odor amadeirado com um quê de cítrico. Perfeito, hora de sair.

00h40, porta da boate.

Após descer glamurosamente de seu táxi, T. Panno cumprimenta os seguranças e entra direto na casa noturna, sem enfrentar a fila - um luxo.

2h37, bar externo.

Infelizmente, a noite não está para peixe e nem pra tubarão, e T. Panno decide ir embora. A noite deu o que tinha que dar.

3h10, vestíbulo

Ao se olhar no espelho de cristal da entrada de seu apartamento, T. se espanta com sua própria beleza e bom-gosto. Quão bem-vestido está! Nesse momento, suspira de pesar de não ter arrasado mais. É neste momento que lhe vem às narinas o cheiro empestiado de fumaça de cigarro - sua produção está fétida!! Nada mais lhe resta a fazer, a não ser pôr toda a sua produção no valor de mais ou menos 640 euros toda no lixo. Sim, pois, nessas ocasiões, é o que deve ser feito.

Do fundo de seu ser, passando pelo guela e explodindo de sua boca, emergiu o seguinte grito:
- Por quê a gente não ARRASA SEM FUMAÇA?!


Baseado em fatos reais.


Cigarro ou arraso?

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