Foi então que um dia, motivado pelo sofrimento extremo causado pelo clima-cocô de Paris no inverno, resolvi dar uma escapada rápida para Madri num determinado final de semana. Muito inocentemente, comentei en passant com o colegue que eu estava querendo ir para a Espanha passar uns dias. G-zus, o tal pessoa sismou que tinha que ir comigo, que seria ótimo, que ele conhecia tudo e etc...
Detalhe: um dos motivos que mais me impulsionaram a fazer essa fofoluxa fuga era exatamente ter férias mentais de falações loucas (lembrando que eu dividia um microapê com a Imigrante Enlouquecida). Quando imaginei a situação em que passaria o dia inteiro com alguém que sofria de logorreia crônica e aguda concomitantemente e ainda ter que dividir o quarto, espasmos de pânico se me espalharam pelo corpo.
Como fugir de tal situaçã?
- Primeiro, tentei a famigerada estratégia tupinambo-brasileira: dar respostas vagas. Não funcionou, pois a insistência vencia.
- Segundo, lancei mão de doses cavalares de semancol: não fazer a menor questão de incluir a pessoa nos planos. Não surtiu efeito, pois ele me ligava, mandava SMS e me chamava no MSN.
- Terceiro, usei o trunfo dos ficantes pouco interessados: sumir da pessoa. Piorou a situação, pois ele triplicou o número de chamadas, mensagens, o caramba...
Tivemos então a comprovação da completa falha metodológica das abordagens mais frequentes de evitar chatos.
Eis então que recorri à minha própria abordagem: a sinceridade cortante.
Disse para ele que estava querendo ir para a Espanha para descansar e que preferia fazer isso sozinho.
Duas semanas depois, passei quatro dias num delicioso sol de inverno me jogando nas tapas e no descanso mental.
A honestidade seja louvada.
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