19 de abril de 2010

Morde-fronha

Em Belo Horizonte, é muito raro uma peça de teatro sequer alcançar a mediocridade. Uma peça realmente boa, então, é um acontecimento quase utópico.

A recém-estreada encenação da peça BENT é uma muitíssimo bem-vinda exceção.

De autoria de Martin Sherman, o texto datado de 1979 foi revolucionário nos anos 80 por ter sido a uma das primeiras obras artísticas a levantar a questão da perseguição dos homossexuais pelo regime Nazista de Hitler.

A adaptação agora em cartaz no Teatro Kléber Junqueira (Rua Platina, 1827 - Calafate, BH) é uma representação fiel não só ao texto como ao conteúdo político e humanitário do original.

Usando a homossexualidade como mote do enredo, mas tratando de questões duais como dignidade-desrespeito, compaixão-impiedade, sinceridade-falsidade, amor-destruição e, sobretudo da superação das dificuldades, Bent é de uma beleza poética universal.

Os atores principais estão sublimes; em especial o que faz o papel de Horst (infelizmente não retive seus nomes). Num cenário cuidadosa e com iluminação sutil, a peça constrói a trajetória de Max, um berlinense gay de família rica que é preso pela SS e tem sua vida completamente mudada.

Os ingressos custam um pouco mais caro do que o normal, pois a peça não conseguiu patrocínio. A excepcionalidade do texto me leva a crer que isso tenha se devido à homofobia pura e simples.

De todo jeito, vale muito, muito a pena ir assistir.


PS: 'Bent' é a maneira pejorativa pela qual os gays eram tratados no início do século XX na Inglaterra. O título deste post é uma possível tradução do termo.

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