13 de setembro de 2013

Das cinzas

O construtor

Cada ano uma pedra
cada amor um tijolo
o cimento que me prende
agora já é móvel

Cada planta que eu desenho
errando a toda hora
cada perfeição que eu desmonto
o afeto que me importa


A fundação que eu não tenho
vai aos poucos me mudando
cada cano que perfuro
vazamentos de quem amo

Talentos escondidos
habilidades que se mostram
já me aceito, já me cobro
mais leveza, bem mais dobra

24 de maio de 2012

Teste

Mais um ensaio de volta à escrita diária por aqui.
Vou me preparando para mais uma mudança, muito grande, muito imensa.
Quem sabe não será esta a oportunidade para reacender o que já foi compresso?

1 de janeiro de 2012

Reincipiente

Será que neste ano consigo retomar este hábito?

Esperemo-lo.

8 de novembro de 2011

Lado

Com pequenas reações reacendo o blogue.
Reagindo à proximidade, me isolando da irritação.
Tolerância restrita, paciência ausente.
Fugindo do tédio; a alegria alheia.
Insignificância das ideias.
Mediocridade.
Pequenez.

Às vezes me convenço que sou mimado.

28 de agosto de 2011

Encontros/Reencontros

Longas férias precedem o dia de hoje. Mais uma vez, meu caráter explorador (se gostasse do mar, diria navegador) se mostrou importante na minha existência.

Essa última viagem foi cortante. Viajar foi me libertar de amarras tão sutis das quais nem eu mesmo estava a par. Encontros e reencontros povoaram minha alegria.

Uma alegria tão gostosa que quase me esqueci de escrever.

Mas escrever é uma prática: o exercício do dia-a-dia, já diziam os grandes.

Li dois livros durante a viagem: The Bell Jar, da Sylvia Plath e Summertime, de JM Coetzee.

Esses grandes necessitam de capítulos à parte.

14 de julho de 2011

Até quando

Câmera: quinhentas vezes
Carteira: setecentas vezes
Celular: três mil vezes
Chaves: cinco mil vezes
Dinheiro: dez mil vezes
Documentos: doze mil vezes
Estojos: vinte mil vezes
Roupas: cinquenta mil vezes

Amores e interesses: setecentas mil, quatrocentas e oitenta e duas vezes

Perder & achar; achar & perder; perder & encontrar

Objetos.


19 de junho de 2011

De internetis

Já disse Mário Quintana:


Com essa leitura dinâmica, decerto nem chegarão a me enxergar... Que sobrará de mim - eu que só escrevo para os que gostam de ler nas entrelinha? Que escrevo, como bem sabem os meus fregueses, apenas para os gulosos, e jamais para os glutões.


O fútil e descartável se amontoam virtualmente.

A esperança jaz na reciclagem.

E nas entrelinhas.



15 de junho de 2011

still an animal

os instintos animalescos às vezes nos pegam de surpresa;
lutar ou aceitar?
fugir ou capturar?



equilíbrio

14 de junho de 2011

Cabeça vazia

Enfretemos o tédio.

SYDNEY JETLAG #2 from Miranda July on Vimeo.




Terreno da criatividade.

13 de junho de 2011

Custo-benefício

O custo de um sonho é medido no peso amonetário de sua realização.

Sonhos e expectativas são duas dimensões da mesma projeção.

Sonhos são fluidos e realizáveis.

Expectativas são fixas.

E imutáveis.

Brett Lloyd_I Only Dream of You My Beautiful


Porém destrutíveis.


9 de junho de 2011

Tricentésimo







Palavras que alegram ou aliviam.
Dizeres que refrescam ou renovam.
Frases que ficam ou partem.
Divisões que se mostram ou se fazem.
Feitos vangloriados ou fictícios.
Facções sentimentais que se abrem.

Não são lindas as comemorações?

Todas images por Betsy Walton.


6 de junho de 2011

Abstração

Se não teorizasse tanto e tampouco criasse mil explicações para cada fato insignificante da realidade, acho que minha vida seria assim:

1. Menos repleta de ansiedade;

2. imensamente mais espontânea;

3. radicalmente menos opiniãozuda;

4. forçosamente mais aberta;

5. diametralmente oposta à minha.

por Massimo Vitali


Porque para mim, bem ou mal, abstrair é viver.

2 de junho de 2011

Real, virtual, hiperreal, interior

A hiperrealidade me interessa? Creio que não.

O que está além do real por vezes parece um convite à loucura. Porém, as realidades internas são muito mais intrigantes e curiosas.

E o hiperrealismo? Depende.


Apenas quando ele serve para questionar a frivolidade e a não-permanência do pseudorreal das fotos que compartilhamos no mundo virtual.

Não é maravilhoso quando cremos que uma foto (pré-selecionada, modificada e glamurizada) cristaliza um momento ou um sentimento que acreditamos ter? Este é o ponto de partida e a origem do meu fascínio pelo trabalho de Henderson.

Como são lindas as ilusões e os mundos interiores.

31 de maio de 2011

Quíntuplo

Cinco cousas que me aconteceram na minha última viagem.

1. Decidimos ir de van do aeroporto à cidade e fiquei desconfiando do motorista. Por um momento, cheguei a pensar que ele fosse nos sequestrar, mas foi alarme falso. O leve azedume surgido devido ao trânsito se esvaneceu ao percebermos que ele fazia uma pergunta gentil a cada passageiro que descia. Exageramos na gorjeta.

2. Ficamos perdidos no metrô. Algumas vezes. Na mais trabalhosa, fomos parar em um lado pouco interessante do Brooklyn e, até descobrirmos que estávamos esperando o trem do lado errado da plataforma, perdeu-se meia hora. Felizmente chegamos ao nosso destino, mas não a tempo de ver o xou mais legal. Resolvemos mentir pra todos que tínhamos visto e amado a apresentação de uma das bandas mais neo-hypadas do momento.

3. Fomos influenciados por vendedores simpáticos e competentes que nos convenceram a levar itens que nem queríamos tanto, baseados na sinceridade deles: ouvimos algumas vezes que determinada coisa não ficava boa em nós. Quando eles achavam que algo nos servia, comprávamos. Influenciáveis?

4. Fui paquerado por um rapaz lindo, atencioso, perspicaz e gentilmente expansivo. Me imaginei largando tudo e indo morar com ele no Harlem, onde levaríamos uma vida com base na arte e em empregos fúteis porém altamente interessantes, como vendedores de chapéu. Não entendi como ele se chamava.

5. Uma briga amical provocada por situações de estresse viagístico nos levou a elocubrações incríveis sobre a teoria das discussões e perdas de paciência. Concluímos que, por mais que se goste e conheça-se os pontos fracos do outro, ainda assim explodimos e machucamos quem gostamos por não conseguirmos segurar nossos próprios impulsos agressivos.


You Would, foto de Miranda July

Quis ter uma vida em Nova York.

30 de maio de 2011

Pólen

O tempo que não tenho usado para escrever aqui não tem sido, de modo algum, improdutivo.

Tenho me alimentado de referências e ideias derivadas, além de nutrir conceitos para um projeto de colaboração artística vindouro.

Pensei agora que a mente é como uma colmeia, cheia de compartimentos nos quais se guarda o mel das ideias. Elas ficam descansando nos seus espaços, sendo amamentadas pelo esforço intelectual ou trabalho braçal, dependendo da inspiração de cada um.

Escultura de John Chamberlain

A arte nunca me falha.